Civilização Romana: Monarquia.
República. Império
A Monarquia de 753 a 509 aC.
Quando Roma foi fundada, a península
Itálica era ocupada pelos gauleses, ao norte; pelos etruscos- latinos, ao
centro, e pelos gregos ao sul – a Magna Grécia. Desses povos, os mais importantes para a
formação de Roma foram os latinos, habitantes do Lácio, que viviam divididos em
várias tribos, e os etruscos. Roma foi fundada no Lácio, por volta de 1000
a.C. e ao que tudo indica, foi um centro de defesa latino contra os ataques
constantes dos etruscos.
Tem-se, todavia, a versão lendária da fundação de Roma, relatada por Tito Lívio
em sua História de Roma e reforçada na obra
Eneida, pelo poeta romana Virgílio, segundo a qual Enéias, príncipe troiano
filho de Vênus, fugindo de sua cidade, destruída pelos gregos, chegou ao Lácio
e se casou com a filha de um rei latino.Seus descendentes, Rômulo e Remo, foram
jogados por Amúlio, rei de Alba Longa, no rio Tibre. Mas foram salvos por
uma loba que os amamentou, tendo em seguida sido encontrados por camponeses.
Conta ainda a lenda que, quando adultos, os dois irmãos voltaram a Alba Longa,
depuseram
Amúlio e em seguida fundaram Roma, em 753 a.C. Após
desentendimentos, entretanto, Rômulo matou o irmão e se transformou no primeiro rei de Roma.
A
documentação desse período é precária, e até mesmo os nomes dos reis são
desconhecidos, citando-se apenas os reis lendários, apresentados nas obras de
Virgílio e Tito Lívio. Durante esse período, o rei acumulava as funções
executiva, judicial e religiosa, embora seus poderes fossem limitados na área
legislativa, já que o Senado, ou Conselho de Anciãos, tinha o direito de veto e
sanção das leis apresentadas pelo rei. A ratificação dessas leis era feita
pela Assembléia ou Cúria,
composta por todos os cidadãos em idade militar.
Na fase final da realeza, a partir do
fim do século VII a.C., Roma conheceu um período de domínio etrusco, que
coincidiu com o início de sua expansão comercial. No período monárquico, a
sociedade romana estava dividida praticamente em três classes: Patrícios –
cidadãos de Roma, possuidores de terras e gado, que constituíam a
aristocracia. Plebeus – parcela da população que passara para
o domínio romano durante as primeiras conquistas; eram livres, mas não
participavam do Senado, nem podiam formar famílias legalmente reconhecidas.
Clientes – indivíduos subordinados a alguma família patrícia, cumpridores de
diversas obrigações econômicas, morais e religiosas. O patrício era seu
patrono, um "protetor" econômico, político e jurídico; em troca, os
clientes seguiam as decisões políticas de seus patronos, cumprindo o obsequium
(submissão política), além de dedicar jornadas de trabalho
para o seu senhor. Eram, enfim, os dependentes, alguns de origem
estrangeira, outros de origem plebéia que, para sobreviver, buscavam a proteção
dos abastados e poderosos patrícios. Escravos – população
recrutada entre os derrotados de guerra, considerados instrumentos de trabalho,
sem nenhum direito político. Ao que parece, durante a Monarquia, o escravismo
não possuiu grande significação, ganhando importância
somente com a expansão territorial do período republicano.
Na
verdade, durante a monarquia surgiram condições para a sua instalação, tendo o
escravismo se transformado, logo a seguir, no modo de produção predominante, em
detrimento de todas as outras formas de trabalho produtivo.
A República de 509 a 27 aC.
Em 509 a.C., o rei Tarquínio, o soberbo, de origem
etrusca, foi derrubado por uma conjuração patrícia do Senado, que queria pôr
fim à interferência real no poder legislativo. Tarquínio governava de
forma despótica, anulando, desse modo, os anseios patrícios de participação
política. Terminou assim, a realeza romana, e em seu lugar surgia uma nova
estrutura
administrativa,
na qual o poder do Senado sobrepunha-se aos demais.
O
Senado, transformado em órgão máximo da República, controlava toda a
administração, as finanças, além de decidir pela guerra ou pela
paz. Somente os patrícios tinham acesso a esse órgão legislativo. A grande
parcela da sociedade romana, durante a República, era constituída pelos
plebeus, que viviam marginalizados politicamente, mesmo que enriquecessem
através do comércio. Quando um plebeu, por exemplo, tornava-se insolvente,
sem condições de saldar suas dívidas, tinha de se submeter ao credor até a
total extinção da dívida, criando-se uma servidão que chegava a durar toda uma
vida.
A marginalização e o descontentamento,
do início do período republicano, levaram ao agravamento das lutas de classes
em Roma. Em 494 a.C., os plebeus, em sinal de protesto, retiraram-se para
o monte Sagrado, exigindo representação política. Como sua participação na
economia e no exército de Roma era de extrema importância, os patrícios
concordaram em atender aos plebeus, que ganharam representação através de dois
tribunos da plebe (em 471 a.C. passaram a ser dez). Os tribunos
conquistaram também o direito a veto sobre as decisões do Senado e eram
considerados intocáveis (imunidade).
Os tribunos podiam ser procurados por qualquer pessoa que se julgasse
injustiçada, daí suas casas ficarem abertas dia e noite.
Em
450 a.C., após outras revoltas plebéias, os patrícios convocaram os decênviros,
dez juristas nomeados para redigir um código de leis. O resultado foi a
elaboração da Lei de Doze Tábuas, primeira compilação escrita das leis
romanas. m 367 a.C., foram adotadas as Leis Licínias, que
possibilitaram os plebeus partilhar as terras conquistadas,
além de estabelecer que um dos cônsules seria sempre um plebeu. A Lei
Canuléia também favoreceu os plebeus, pois permitiu o casamento entre estes e
os patrícios. Acabaram-se as distinções sociais tradicionais, mas
mantinha-se a distinção econômico-militar, entre ricos e pobres, altas patentes
e simples soldados. Um dos fatores que permitiram manter essa situação foi
o
nacionalismo
surgido com as guerras e a expansão territorial.
Do
século V a.C. ao III a.C., Roma empenhou-se em conquistar a península
Itálica devido à necessidade de obter gêneros para o abastecimento
essencial, bem como de pôr fim às ameaças de invasão dos povos da região. Em
272 a.C., Roma alcançou o extremo sul, conquistando Tarento, na região da Magna
Grécia. A expansão deu dinâmica própria à estrutura escravista que,
estabelecida, passou a exigir novas conquistas para aumentar o número de
cativos, os quais cada vez mais passavam a ser indispensáveis à estrutura
sócio-econômica do mundo romano. Embora tivesse conquistado a península
Itálica, a hegemonia cartaginesa no Mediterrâneo impedia a expansão romana na região. A
cidade de Cartago, fundada pelos fenícios, com cerca de 250 mil habitantes,
localizava-se ao norte da África, mas possuía inúmeras colônias na
Córsega,
Sardenha, Sicília e península Ibérica.
A disputa pela posse da Sicília originou guerras
entre Roma e Cartago que se estenderam de 264 146 a.C. e ficaram conhecidas
como Guerras Púnicas.Os romanos viveram momentos de grande tensão quando o
general cartaginês Aníbal atravessou Gilbratar, os Pirineus e os Alpes para
atacar Roma, embora não tenha obtido sucesso e tenha sido obrigado a regressar
a Cartago. Aníbal foi derrotado em Zama, ao sul de Cartago, pelo general
romano Cipião, o Africano. Em 146 a.C., entretanto, Roma conseguiu arrasar
definitivamente Cartago, dizimando sua população, tomando todo o mar Mediterrâneo. Depois
de muitas batalhas, o ódio dos romanos contra os cartagineses transformou-se em
sentimento nacionalista, deixando em segundo plano muitas das divergências
entre classes em Roma. No século II a.C., coube a Catão, o censor, personificar
obsessivamente uma campanha pela destruição completa de Cartago. Nos seus
discursos, no Senado
romano,
Catão sempre encerrava com a frase "Cartago seja destruída".
O
sucesso de suas pregações selou o destino da cidade. Outras conquistas romanas
foram, no Oriente, a Macedônia
(197
a.C.), a Síria (189 a.C.), a Grécia (146 a.C.) e o Egito (30 a.C.), e no
Ocidente, a península Ibérica (133 a.C.) e a Gália Transalpina (55 a.C.)
Durante o período de conquistas, a sociedade romana transformou-se
profundamente devido ao clima
imperialista
que
subsistia, favorecendo o modo de produção escravista.
As
causas de mudanças sociais deveram-se:. ao grande afluxo de riqueza para
Roma, proveniente das
conquistas;.
à ruína do pequeno lavrador, impossibilitado de concorrer com a produção de
latifúndios trabalhados por escravos;. ao aumento da escravidão;. ao êxodo
rural, gerando o empobrecimento da plebe;. ao surgimento de novas camadas
sociais.Graças às suas conquistas no Oriente, Roma atraiu milhares de intelectuais
e mercadores gregos. Esse influxo acelerou o processo de helenização já
iniciado quando do contato de Roma com as cidades gregas da Itália
meridional.
Uma conseqüência
fundamental da expansão foi o contato com a experiência jurídica de outros
povos, entre os quais,
os
gregos. Os juristas romanos, demonstrando as virtudes romanas do
pragmatismo e do senso comum, fizeram uma incorporação seletiva dos elementos
dos códigos de leis e tradições dessas nações ao direito romano. Assim, os
juristas romanos de modo gradativo e empírico elaboraram o jus gentium com o
direito natural (jus naturale) dos estóicos. Afirmaram os juristas que o
direito devia estar de acordo com os princípios racionais inerentes à natureza
– normas universais capazes de serem compreendidas por indivíduos racionais. Em
326 a.C., aboliu-se a submissão servil por dívidas, o que tornou a mão-de-
obra
escrava (os vencidos) de importância vital para a produtividade rural da elite
romana.
A
ampla utilização de mão-de-obra escrava, entretanto, trouxe ao Estado romano
inúmeras rebeliões de cativos, entre
as quais
a mais importante foi a comandada pelo trácio Spartacus, de 73 a.C. a 71 a.C.,
que chegou a ameaçar a própria cidade de Roma. Escapando de Cápua, cidade
ao sul de Roma, 74 gladiadores refugiaram-se próximo ao vulcão Vesúvio,
onde
reuniram mais de 120 mil soldados.
Frente
à crise geral por que passavam os pequenos agricultores, alguns grupos
mobilizaram-se em busca de reformas. Destacaram-se nesse período, dois
tribunos da plebe, Tibério e Caio Graco. Tibério, eleito tribuno da plebe em
133 a.C., propôs uma lei pela qual quem tivesse mais de 310 acres de terra
deveria doar o excedente para o Estado, a fim de que estes as arrendasse aos
cidadãos pobres. O Senado opôs-se a tais medidas e, numa tumultuada sessão
no recinto do próprio Senado, Tibério e mais de trezentos de seus adeptos foram
assassinados. Tibério Graco denunciou o empobrecimento dos pequenos
camponeses; "Os homens que combatem e morrem pela Itália têm o ar e a luz,
mas mais nada [...] Lutam e perecem para sustentar a riqueza e o luxo de
outros, mas, embora sejam chamados senhores do mundo, não tem um único torrão
de terra que seja seu". Caio Graco foi eleito tribuno em 123 a.C.,
dez anos depois do assassinato de seu irmão Tibério. Caio elaborou leis
para melhorar as condições de vida da plebe, como a Lei Frumentária, que
determinava a distribuição de trigo a preço baixo aos plebeus, além da reforma
agrária. Os aristocratas reagiram contra Graco e seus seguidores, o que
resultou em vários confrontos armados, até que, cercado numa das colinas
romanas, Caio ordenou a um escravo que o matasse.
O escravo
suicidou-se em seguida.
Após
a morte dos Graco, houve a polarização política seguida de
radicalização nas lutas governamentais, e a
República
Romana entrou em crise. De um lado estavam os aristocratas, preocupados
com a manutenção da ordem existente; de outro, os populares, ansiosos por
reformas. Destacaram-se nesse período o general Mário, o defensor da
plebe, e o general Silas, que defendia os conservadores. Mário chegou a
ser eleito cônsul por seis vezes consecutivas, conseguindo transformar o
exército,cujos postos eram privilégio dos cidadãos, em um exército popular,
composto por assalariados. Os soldados passaram a receber um soldo,
participação nos espólios e, ao cabo de 25 anos de carreira, direito a um
pedaço de terra. Com a morte de Mário, em 86 a.C., Silas estabeleceu uma
ditadura militar e persegui violentamente os antigos seguidores de seu
antecessor,
conseguindo desarticular os grupos políticos populares.
Em
79 a.C., Silas já velho, abdicou-se, e o período que se seguiu foi de aparente
calma, pois novos líderes
aristocráticos,
como Pompeu e Crasso despontavam. Pompeu conseguiu abafar na Espanha uma
revolta popular comandada por Sertório (78 a.C. – 72 a.C.), enquanto Crasso
reprimiu a revolta dos escravos lideradas por Spartacus. O prestígio
militar alcançado pelos dois generais aproximava-os da política, na qual já se
destacava Júlio César. O clima de insatisfação perdurava e houve nova
tentativa de golpe político, dessa vez de um patrício, Catilina, que tencionava
tomar o poder e assassinar os magistrados. Essa conjura foi delatada e evitada
por Cícero, destacado orador, eleito cônsul.Os cidadãos de Roma disputaram o
controle do Estado, ativando a instabilidade política que caracterizou o final
da República romana.
Em
60 a.C., o Senado acabou elegendo três fortes líderes políticos ao consulado:
Júlio César, Pompeu e Crasso governaram juntos no chamado Primeiro Triunvirato,
dividindo entre si os domínios romanos.Contudo, em 54 a.C., Crasso morreu
combatendo na Pérsia e, dois anos depois, Pompeu foi proclamado cônsul único
destituindo César do comando militar da Gália. Ao receber a mensagem
senatorial de sua destituição, César, entretanto, resolveu lutar e avançou para
o sul. Foi nesse momento que César, atravessou o rio Rubicão, fronteira entre
sua província e a Itália, teria dito "A sorte está lançada!" e
dirigiu-se para Roma, causando a fuga de Pompeu. César assumiu
imediatamente o poder romano, mas só iria derrotar Pompeu definitivamente na
Grécia, em 49 a.C. Pompeu escapou ileso e fugiu para o Egito, onde acabou sendo
assassinado. Nessa época, crescia no Egito a disputa pelo poder entre o faraó
Ptolomeu e sua irmã Cleópatra. Júlio César foi para a Alexandria,
apoiou Cleópatra e colocou-a no poder. Em seguida, dirigiu-se à Ásia
Menor, onde aniquilou as tropas sírias inimigas. Retornando a Roma, Júlio César
foi proclamado ditador vitalício, em clara oposição ao Senado, que organizou
uma conspiração contra ele. Em 44 a.C., foi assassinado a punhaladas em
pleno Senado. Sua morte gerou uma grande revolta na população, fato habilmente
explorado por Marco Antônio, um dos fortes generais de César que, juntamente com
Otávio e
Lépido,
formou o Segundo Triunvirato.
Após
eliminarem os opositores de César, os novos triúnviros iniciaram suas disputas
internas. Otávio, aproveitando-se
da
ausência de Marco Antônio, que se encontrava no Egito, tentou ampliar seus
poderes. Desconsiderou Lépido e declarou guerra a Marco Antônio, o qual foi
derrotado na batalha naval de Actium, em 31 a.C. Em seguida, Otávio
recebeu do Senado o título de princeps (primeiro cidadão),
primeira etapa para obter o título de imperator (o supremo). Otávio
tornou-se progressivamente senhor absoluto de Roma, recebendo, além dos dois
títulos, o de Augutus (o divino), até então, inédito entre os governantes
romanos. A rivalidade entre Otávio (ou Otaviano) e Antônio ganhou
intensidade nos final dos anos 40 e cresceu mais ainda durante os anos
30. Depois da anulação do poder de Lépido, os dois triúnviros concentraram
suas forças em regiões opostas: Otávio no ocidente e Marco Antônio no Oriente.A
partir daí, Antônio identificou-se cada vez mais com o Oriente helênico:
mostrava desprezo pelas tradições romanas, e estabeleceu com Cleópatra uma
forte aliança política e pessoal. Antônio reorganizou as províncias
orientais, iniciou, embora sem sucesso, uma invasão da Pérsia (ano 36 a.C.),
conquistou a Armênia(34 a.C.) e celebrou essa vitória como um triunfo em
Alexandria. Logo depois, decretou as chamadas 'doaçõesde Alexandria',
passando às mãos de Cleópatra e seus filhos certas províncias
orientais e algumas regiões que planejava conquistar. A política oriental
de Antônio garantiu-lhe uma poderosa base estratégica e econômica; nas mãos de
Otaviano, entretanto, essa política serviu para desgostar a opinião pública dos
italianos e para provocar uma guerra nacional contra Cleópatra, dentro dos
interesses de Roma (32 a.C.). Derrotado por Otaviano em 31 a.C., e
abandonado por suas tropas, Antônio suicidou-se em Alexandria no
ano 30 a.C.
O Império de 27 aC. a 476 d.C.
Com o advento do Império, em 27 a.C., reorganizou-se a estrutura
política romana, concentrando-se toda a autoridade
nas mãos do imperador. Esse último período apresenta duas
etapas distintas: o Alto Império (século I a.C. a III d.C.)
e o Baixo Império (século III a V d.C.). Roma atingiu seu
apogeu, durante o Alto Império, devido ao desenvolvimento sem precedentes do
modo de produção escravista e às conquistas territoriais, alcançando riquezas e
poder como nenhuma outra civilização. Ao imperador, supremo
mandatário, cabia exercer totalmente o controle político, sobrepondo-se ao
Senado. A ele competia nomear magistrados,
controlar os exércitos, interferindo, até mesmo, nas questões religiosas. Com a plena centralização, conseguia-se a estabilidade, anulando os
tradicionais conflitos entre as várias facções políticas. O império foi,
enfim, a solução governamental encontrada para pôr fim ao descontrole
político republicano.
Otávio
Augusto, o primeiro imperador (27 a.C.- 14 d.C.), preocupou-se com as obras
públicas, sendo dessa época
muitas das magníficas construções, cujas ruínas podem ser vistas ainda
hoje em Roma. Para cuidar da sua segurança, criou-se
a Guarda Pretoriana, cuja principal função era defender o imperador e vigiar a
capital. Ao mesmo tempo, Otávio Augusto, distribuía trigo à população e
organizava sistematicamente grandes espetáculos públicos de circo, a chamada
política de pão e circo, ampliando muito a sua popularidade. Administrativamente, foi criada uma nova estrutura, que visava modificar
desde a forma de cobrança de tributos, pondo fim ao usual arredamento de
arrecadação, até as divisões sociais e a convocação de homens para o exército.
O funcionalismo público também foi ampliado, sendo o conseqüente aumento de
despesas coberto
pelo crescente fluxo de riquezas.
Para
uma população imperial de quase 60 milhões de habitantes, a sociedade romana
passou a ser dividida em
cidadãos, cerca de 5,5 milhões de pessoas, e províncias. Os cidadãos,
por sua vez , eram hierarquizados de acordo com suas fortunas: no topo da
escala social ficava a ordem senatorial, um conjunto aproximado de duas mil pessoas,
os possuidores de mais de 1 milhão de sestércios (moeda de prata); em seguida
vinha a ordem eqüestre, cerca de vinte mil indivíduos com fortuna superior a
400 mil sestércios; e finalmente abaixo, ficava a ordem plebéia. No plano
militar, Otávio Augusto organizava um poderoso exército de mais de 300 mil
homens, divididos em 25 legiões (cada uma com 5.620 combatentes), composto por
cidadãos e tropas auxiliares das províncias, cujos membros só recebiam a
cidadania após o serviço militar.
Foi,
graças ao poder e àestabilidade iniciada por Augusto, que Roma pôde desfrutar
de um período de grande
prosperidade, constituindo a pax romana que duraria pelo menos mais de
dois século após o seu governo.Durante o governo de Otávio, nasceu Jesus
Cristo, em Belém, o fundador de uma nova religião – o cristianismo – que, pouco a pouco foi ganhando
seguidores em todo o Império. Na literatura, o período de governo de
Otávio Augusto foi conhecido como século de ouro graças a seu ministro Mecenas,
que, por seu grande interesse pelas artes, apoiou, entre outros, escritores
como Horácio e Virgílio Com a morte de Otávio, o Alto Império passou por
diversas dinastias: de 14 a 68, o governo coube à dinastia Júlio-claudiana,
seguida pela dos Flávios, que perdurou até 96, vindo a seguir a dos Antoninos,
que governaram até 192. A última
dinastia foi a dos Severos, que estiveram no poder de 193 a 235.
Os
sucessores de Augusto desestruturaram o governo, minando o modo de produção
escravista, fator de riqueza para
o Império, além de favorecerem o descontrole político com as constantes
intrigas palacianas, as crises sucessórias e a imoralidade em nível não só
pessoal, mas também administrativo.De maneira geral, essa situação se agravou
com os imperadores Tibério (14-37), Calígula (37-41) E Nero (54-68). Tibério desmoralizou o governo, e acabou sendo transferido para Capri,
onde morreu assassinado; Calígula, famoso por sua imoralidade e despotismo
inconseqüente, chegou a nomear o cavalo Incitatus, cônsul romano. Foi também
Calígula que mandou cortar a cabeça das estátuas dos deuses em Roma,
substituindo-as por seu próprio rosto como modelo. Já Nero celebrizou-se pelas
perseguições aos cristãos, que se negavam a cultuá-lo como divindade. Para
incrimina-los e reprimi-los com mais violência, Nero mandou incendiar a cidade
de Roma. Com a dinastia dos Antoninos, Roma
voltou a ter relativa estabilidade e prosperidade, pois a habilidade de
imperadores como Trajano e Marco Aurélio amenizou temporariamente as
dificuldades do Império. Durante o governo de Trajano, o Império
atingiu a sua maior extensão territorial e com Marco Aurélio, um enorme
reerguimento cultural.
No
final do período antonino , entretanto, delinearam-se os contornos que poriam
fim ao escravismo e ao mundo
romano, processo que perdurou do século III ao V. No governo da dinastia
dos severos, a fragilidade romana não podia mais reverter a sua decadência,
crescendo a pressão dos povos vizinhos que avançavam em ordas sobre o interior
do Império, iniciando o Baixo Império Romano O Baixo Império foi marcado pela
decadência, pelas grandes crises e pela anarquia, devidas principalmente à
interrupção das conquistas, o que arruinou a economia imperial, baseada no
trabalho escravo e na exploração
das províncias. Escasseando os tributos impostos aos vencidos, Roma
caminhou para o progressivo esgotamento econômico.
Os
principais imperadores desse período foram: Diocleciano(284-305) – tentou
salvar a falência do Império, baixando
o Edito Máximo, onde fixou preços máximos para as mercadorias e
salários, sendo os infratores condenados à morte. A medida não surtiu efeito,
pois as mercadorias desapareceram enquanto os preços continuaram a subir
descontroladamente. Outra decisão importante de Diocleciano
foi a criação da tetrarquia – divisão do Império entre quatro generais buscando
conseguir a paz social e o controle político perdido. Constantino (313-337) –
através do Edito de Milão, concedeu liberdade de culto aos cristãos, já
importantes em número e influência. Buscou também
estabilizar a produção rural frente à escassez de mão-de-obra decretando, com a
Lei de Colonato, a obrigatoriedade de fixação do colono à terra que trabalhava.
Era a intensificação do uso do trabalho servil em substituição ao trabalho
escravo. Outra medida de destaque tomada por
Constantino foi a fundação de uma segunda capital do Império – Constantinopla
(hoje Istambul), com a finalidade
de de garantir a proteção da fronteira do leste.
Teodósio (378-395) – oficializou o cristianismo e, em 395,
dividiu o Império Romano em dois: o do Oriente , que tinha como capital
Constantinopla; e o do Ocidente, cujo capital era Roma. Ao final de seu governo, os bárbaros conseguiram se infiltrar por todo o Império, o que culminou nas invasões
e na queda definitiva do Império Ocidental, em 476, quando a tribo dos
hérulos, chefiada por Odoacro, derrubou o último imperador romano,
Rômulo Augusto.
Foram
diversos os fatores que causaram a decadência romana, destacando-se o imperialismo, as guerras civis, a
anarquia militar, a crise do escravismo, a ascensão do cristianismo e as
invasões bárbaras. O imperialismo romano e as guerras
civis internas foram os responsáveis pela ampliação do aparelho militar e
burocrático, bem como a instabilidade política. As sucessivas lutas
pelo poder geraram corrupção, descontrole
político, queda de valores tradicionais, desencadeando uma série crise moral.
No século III impôs-se a anarquia militar: as legiões entronavam e destronavam
imperadores segundo interesses imediatos (de 211 a 284, por exemplo,
sucederam-se cerca de vinte imperadores).
Os soldados, que gozavam de grande prestígio, apoiavam irrestritamente os
generais, que se apossavam, mesmo que por curtos períodos, de regiões
provinciais, o que contribuía para o acirramento da crise. A crise do
escravismo, ocasionado pelo fim das guerras de conquistas e que fez escassear o
numero de prisioneiros, tornou-se um obstáculo à produção, baseada
fundamentalmente na escravidão. Os proprietários foram então obrigados a
arrendar suas terras a camponeses, que se
sujeitavam a pagar quaisquer tributos que lhes fossem cobrados.
Substituí-se o escravismo pela servidão rural.
O
crescimento do cristianismo foi outro fator de desagregação do Império, pois se
opunha à estrutura militar e
escravocrata, sustentáculo do Império Romano. A crise econômica, advinda
da crise escravista, resultou na diminuição de receitas para cobrir os gastos
com a manutenção da burocracia e do exército, ao lado disso, houve uma nítida
diminuição de áreas cultivadas, devido à falta de mão-de-obra, o que veio a
encarecer os produtos. Ao mesmo tempo, o Estado desvalorizava a moeda, devido à
diminuição de metais nobres, como ouro e prata, único meio de que dispunha para
saldar seus compromissos. Houve, em conseqüência, uma inflação crescente,
que resultou num caos monetário, no início do século III, e que acelerou a
decadência econômica.A volta para uma economia rural de subsistência fez com
que a população rural se isolasse em vilas auto-suficientes e autônomas, para
poder enfrentar a crise geral do Império. Finalmente, as invasões bárbaras
minaram as forças imperiais, já agonizantes, tomando pouco a pouco seus
territórios e pondo fim ao Império Romano em 476.
Fonte:http://www.grupoescolar.com/pesquisa/civilizacao-romana